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A paciência nos coloca em harmonia com os ciclos da natureza

Eu estava trabalhando com uma mulher que passara sua vida perseguindo o sonho americano: tinha frequentado uma boa faculdade, arrumado um emprego com salário excelente e galgado as etapas para um cargo superior. Então, aos quarenta e poucos anos, ela olhou para trás e, ao ver suas realizações, elas lhe pareceram inexpressivas. Nada em sua vida, exceto seu papel de mãe e esposa, parecia ter qualquer sentido. Ela largou o emprego e veio me procurar para descobrir o que devia fazer.

Comecei mostrando-lhe que, assim como todos os seres vivos, as pessoas atravessam estações – a primavera das novas possibilidades, quando tudo parece excitante e fresco; o verão da realização, quando estamos cheios de energia e criatividade; o outono do desencantamento, quando começamos a perder o interesse; e o inverno do descontentamento, quando nos sentimos vazios, com medo de ter perdido o entusiasmo pela vida. Ela estava no inverno.

Esse é um processo natural que todos vivenciamos, mas, por estarmos tão acostumados a nos dissociarmos da natureza, não percebemos esse ciclo. Por isso tentamos permanecer sempre no verão, e muitas vezes tentamos impedir de entrar no outono e no inverno.

No entanto, esse ciclo representa o processo de crescimento de qualquer ser vivo, e, se não nos harmonizarmos com cada estação quando ela chega, jamais cresceremos. Pois é somente quando nos desvencilhamos dos nossos velhos costumes, das nossas antigas prioridades e das mesmas preocupações que criamos espaço para os novos.

Como qualquer jardineiro sabe, os ciclos da natureza exigem paciência. Você não pode plantar uma semente e esperar que ela floresça no dia seguinte. Você não pode puxar as folhas ou abrir as pétalas do botão para acelerar o desabrochar da rosa. Tudo requer tempo. Nos também precisamos de tempo.

Quando exercitamos a paciência, nos alinhamos melhor aos ritmos naturais da vida. Nós nos lembramos de que “há uma estação para tudo” e deixamos de tentar fazer a vida ser diferente do que é. O inverno dura o tempo que for necessário, mas sempre acaba – assim como o verão.

Foi isso o que disse à mulher que me procurou, desesperada, e me perguntou quando acabaria o seu inverno pessoal. Respondi que não sabia quando, mas tinha certeza de que terminaria, e que, tal como jardineiro, havia algumas coisas que ela poderia fazer para se preparar para a primavera. Coisas como examinar o que realmente era importante para ela, que dons possuía e que tipo de legado queria deixar. O inverno é a época ideal para nos prepararmos para o que virá, mesmo que ainda não saibamos muito bem o que será.

Nós somos sistemas vivos, parte da natureza, e tão sujeitos a seus ciclos quanto o carvalho mais majestoso ou o menor inseto. A paciência nos ajuda a sentir essa relação.

Texto adaptado do livro “O poder da paciência”, M. J. RYAN