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O que é o sistema de “luta e fuga” do nosso cérebro?

O nosso cérebro é que define o que é ameaçador ou não. Portanto, diante de um agente estressor; seja uma plateia ao qual você irá discursar, uma pessoa armada, uma viagem de avião ou um elevador, será o cérebro que decidirá se você deverá “lutar” ou “fugir”. Este sistema é muito antigo e existe para que os homens possam se defender dos perigos. Nossos ancestrais precisavam de um sinalizador para se precaver de leões e fenômenos da natureza, e assim, sobreviver.

No entanto, o tempo passou e os perigos que antes existiam talvez hoje não façam mais sentido, afinal, não há mais leões soltos por aí. Mas há outras coisas que nosso cérebro interpreta como perigo. Às vezes, pode até parecer algo sem sentido (como um elevador), mas o que importa é que a reação no corpo é sentida mesmo assim.

O sistema de luta e fuga do nosso cérebro é puro instinto de sobrevivência. Ele pode ligar e desligar várias vezes ao dia. Por exemplo, quando vamos atravessar a rua, e medimos de forma errada a distancia do carro que vem em nossa direção. Nesta situação armar o sistema protetor para fugirmos do perigo (carro em alta velocidade) é altamente positivo. E nossa reação então é “fugir” pulando novamente para a calçada.

E como isso acontece internamente?

Quando o cérebro visualiza o perigo ele libera um sinal para que sejam produzidos alguns hormônios, um dos mais conhecidos é a adrenalina. Os hormônios terão a função de acelerar todo nosso metabolismo. O coração acelera para enviar mais sangue para as extremidades – braços e pernas (para lutar ou fugir), os pulmões se dilatam com maior quantidade de oxigênio, e este oxigênio flui mais intensamente no cérebro para que este fique em alerta.  As pupilas dilatam para conseguirmos visualizar mais facilmente uma saída.

Enfim, o corpo todo se prepara para a situação de perigo, seja ele real ou imaginário. E são justamente estas sensações que correspondem aos sintomas sentidos no corpo em crises de ansiedade intensa, e que, portanto, acontecem em razão de uma interpretação do nosso cérebro. Mesmo que a interpretação não seja correta e adequada, já que as mesmas podem ser atribuídas por fatores subjetivos, memórias passadas, medos aprendidos e uma vasta gama de variáveis. Ou mesmo que você nem consiga identificar qual foi à interpretação dada, afinal às vezes isso acontece em fração de segundos e só conseguimos ter acesso às sensações corporais. 

Então quais são os sinais característicos da ativação do sistema de luta e fuga? Coração disparado, suor, respiração ofegante, aperto no peito, calafrio, sentimentos de sufocação, formigamento, ondas de frio ou de calor, fraqueza, tremor, náusea, sensações de irrealidade e medo de perder o controle ou morrer.

Resumindo, o sistema se luta e fuga é benéfico para que possamos nos proteger sempre que necessário, todavia, o mais coerente é sabermos gerenciar melhor nosso corpo, desligando o sistema sempre que o perigo real passar ou quando percebermos que ele foi ativado de forma inadequada, pois somente assim pouparemos desgastes do organismo e de doenças associadas ao estresse.

E como gerenciar isso?

Estratégias de curto prazo: são medidas que envolvem redução de tensão física e mental. Elas são úteis porque podem impedir que o estresse se intensifique e gere problemas mais graves. Estas medidas envolvem exercícios físicos, respiração diafragmática, técnicas de relaxamento, meditação, entre outras.

Estratégias de longo prazo: são as que realmente resolvem o que se entende como “perigo”, ou melhor, como problema.

Elas envolvem:

- Identificar a fonte estressora.
- Analisar se ela pode ser mudada ou eliminada da sua vida, caso positivo tomar as medidas para que isso aconteça.
- Aprender a lidar com o que não pode ser mudado ou eliminado.
- Reestruturar pensamentos criadores de tensão e infelicidade.
- Aprender a administrar frustrações, raiva, obsessividade e perfeccionismo para criar maior estabilidade emocional.

 

Andrea Valente - Psicóloga Cognitivo-Comportamental e Neuropsicóloga